quinta-feira, 3 de julho de 2008

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Clubinho




Chega sexta-feira, o momento esperado, reunião do clubinho. A alegria já ficava estampada só em pensar no que poderia acontecer.
Todo clube possui suas regras e o nosso não era diferente. Normas rígidas que deveriam ser seguidas, sob pena de expulsão. O primeiro dos "10 mandamentos" nos obrigava a tomar um líquido transparente, um tanto doce, com algumas bolinhas verdes ou vermelhas boiando no interior...
Era difícil, mas normas são normas!
Bom, depois desse ritual havia mais nove mandamentos que deveriam ser efetuados com a mesma competência do anterior (confesso que não recordo bem dos demais, talvez por conta do primeiro, minha memória ficou um tanto afetada).
Mandamentos cumpridos, a única obrigação era ser feliz, dar muitas risadas e compartilhar a “caça”, desde que não existisse uma etiqueta com o nome da proprietária, pois estas deveriam ser respeitadas, ainda que muitas confusões ocorressem, pois nem sempre a etiqueta era visível.
É preciso deixar claro que o respeito era devido apenas aos membros do clubinho e a ninguém mais.Enganos à parte, as discussões filosóficas e existenciais entravam a madrugada. Parecia que nunca teriam fim, e muitas sessões extras durante a semana se faziam necessárias, tamanho o volume de informações. Ainda que alguns membros não pudessem estar presentes em todas as sessões, as discussões continuavam, pois vastos relatórios eram elaborados àqueles que faltavam. Talvez esse fosse um dos mandamentos, será?! De qualquer forma, era assim.
Ufa! Que época difícil!
Tantos questionamentos e descobertas, não caberiam em nenhuma página de diário.
Tá certo, nenhum membro possuía o perfil introvertido, daqueles que se escondem atrás de páginas numeradas, o que gostávamos mesmo era da interação e do “corpo a corpo”.
Foram muitos anos, árduos, de cumprimento de regras e retidão (aos preceitos do clubinho, claro!), parcerias intermináveis e inesquecíveis.
Como a vida, o clubinho também teve seu fim. Foram muitas histórias, acontecimentos que marcaram em tudo minha vida.
Olhando para nós hoje, entendo que seguimos nossos caminhos e persistimos em realizar nossos sonhos. Uns mais difíceis, outros não eram bem como imaginávamos, mas todas lutaram e continuam lutando.
Alguns cismas foram inevitáveis, mas de tudo fica uma certeza: Nada pode apagar o passado.
O que vivemos enquanto clubinho vai existir pra sempre, porque foram os mandamentos, as discussões, as lágrimas e os sorrisos que nos formaram fazendo de nós as grandes mulheres que somos hoje.
Isso não é nenhuma apologia ao passado, pois entendo que o melhor momento de nossas vidas é o agora, em verdade, é apenas uma forma de agradecer e de mostrar que dentro de cada uma de nós há um pouco da outra, e isso, ninguém consegue mudar.
Um brinde a Lua Cheia!
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Um comentário:

Suzana disse...

Continuo querendo saber que líquido era esse e sentida por não ter feito parte do Clubinho.
Vai contar ou não?