sábado, 28 de fevereiro de 2009

Um momento



Apenas caminhava, passos largos e rápidos como quem quer logo chegar. Distraída, navegava em seus pensamentos e não percebera o que se aproximava...

Suas vísceras misturaram-se criando choques que repercutiram em todo o corpo, na mente as vozes descontroladas articulavam frases inteiras que acompanhavam sensações e imagens fantasmagóricas. A respiração tornou-se rápida, o coração batia-lhe na garganta...

Agarrou-se ao único fio de consciência que ainda possuía e tentou controlar o desvario do dentro respirando longamente, diversas vezes... Caminhava ainda mais rápido, tinha que chegar...

Em meio ao turbilhão, sentia seu corpo fragmentado-se em diversos pedaços... finalmente chegara... respirava profundamente e tentava re-montar a si mesma...

As vozes ainda presentes estavam em segundo plano, ela buscava as respostas e logo obteve a confirmação (o que ocorrera em seus sentidos era real e fato). O corpo novamente estava em pedaços... ela deixou-se partir sem saber o que fazer consigo mesma... A pressão aumentou, sentia que iria explodir, respirava, respirava...

Ainda perdida no mundo de percepções ouvira as vozes externas (uma tentativa de acalmar e dar direção ao seu sentir)... nada entrava nos fragmentos que restavam de si... os sons atravessavam as paredes do entendimento não encontrando nenhuma resistência, esvaindo-se no ar.

Mergulhou mais profundamente em seu universo e pode entender que jamais deixará de ser o que é... sabe que já não pode mais lutar consigo mesma... terá de aprender a lidar com suas percepções, na intensidade em que ocorrem...

Perceber, sentir, separar, analisar, sobreviver e ir (além)...

(ainda não sabe por onde começar)

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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

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estava ao alcance dos sentidos e
muito longe das mãos...

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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Mais tempo...




... para conceder-me horas de alegrias
... para mais que alguns minutos de sabedoria
... para poder respirar
... para ouvir o som que emana do silêncio
... para ser a criança feliz e risonha que insisto em nutrir
... para ser eterna
... para Ser mais que o sentir

Tempos... mais tempo.



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domingo, 15 de fevereiro de 2009

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(turbilhão mental)
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sábado, 14 de fevereiro de 2009

Desabafo

Os interesses pessoais sempre estarão acima dos grupos e isso é triste e pequeno.

Como carecemos de humanidade, de olhares diferentes que contenham aceitação, amor sem reservas... endurecemos, adoecemos e tudo fica limitado aos nadas que criamos... um mundo cheio de indiferenças, de desconfianças e de pré-julgamentos...

Estou farta de vazios, cansada da mesquinhez estúpida e de jogos manipulativos...

Minha alma não tem preço... não tentem comprá-la ou corrompê-la...

Não estou à venda.
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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Esboço do sentir...





(...)
Sentir tudo de todas as maneiras,
Viver tudo de todos os lados,
Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo,
Realizar em si toda a humanidade de todos os momentos
Num só momento difuso, profuso, completo e longínquo.
(...)
Multipliquei-me, para me sentir,
Para me sentir, precisei sentir tudo,
Transbordei, não fiz senão extravasar-me,
Despi-me, entreguei-me,
E há em cada canto da minha alma um altar a um deus diferente.
(...)


Álvaro de Campos (FP)

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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Ritmos do dentro


Yanni...

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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Na era da informática II







Fico feliz que existam ferramentas como o Word e outros editores de textos.

Minha caligrafia sempre foi horrível...

fui alfabetizada no Egito.

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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Um papo solar



Esses habitantes da Terra estão a me confundir. Ando no mesmo ritmo há tanto tempo que já nem sei fazer as contas. E até onde a idade me deixa lembrar, trafego os mesmos espaços de sempre salvo uma luz que outra que ora aparece, ora desaparece.
Há muito tempo escuto um palavreado sobre zodíaco tropical e zodíaco sideral. Então o caminho que percorro possui esses dois sobrenomes, mas na minha visão as paragens são sempre as mesmas. Que confusão é essa?
Bons eram os tempos em que me prestavam homenagens e reinava absoluto no céu. Tinha vários codinomes. Para os babilônicos meu nome era Shamash, para os egípcios, Rá, ainda que tenham criado outras denominações essa foi a mais conhecida. Assim como os indianos que me confundiam sempre com vários e diferentes nomes, e tantos outros povos de diferentes latitudes e longitudes.
Fiquei mais conhecido pelo nome que recebi dos gregos, Apolo. Um nome simpático, porém já não era mais o soberano dos céus. Júpiter passou a ser conhecido como Rei do Olimpo e seu nome passou a ser Zeus. O que é o Olimpo? Por que Júpiter?
Ri-me muito quando descobri que pensavam que nascia e morria todos os dias. Dias? O que isso significava? Custei a entender. Pobres terráqueos! Não ouve um segundo de grau sequer que minhas luzes tenham se apagado.
Como podem ser tão estranhos? Agora escuto que não sou o único Sol dos céus e que moro em um lugar chamado Via Láctea... segundo ouvi é apenas uma de inúmeras galáxias existentes.
Era só o que faltava!
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terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

resPIRAção



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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

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Tem dias que as palavras me atravessam,
rápidas e cortantes.
Os dedos correm sobre o teclado,
enquanto as frases acavalam-se
umas por cima das outras.

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domingo, 1 de fevereiro de 2009

Uma canção

Ainda que a correria dos dias quase a engolisse podia ouvir uma música que ecoava ao longe em meio a seus pensamentos. Decidindo descobrir do que se tratava, resolveu prestar atenção ao que ouvia. Fechou os olhos e deixou-se ir em direção as notas.

Aos poucos foi perdendo a noção de seu corpo, não sentia mais o peso de sua carne.

Ela misturou-se ao som deixando-se ser embalada pela melodia. O ritmo oscilava, ora estava calmo e sereno, ora sentia como se estivesse sendo jogada de um lado para o outro.

Entregando-se mais um pouco ao momento, seus sentidos já não mais lhe pertenciam. Deixou-se ir cada vez mais fundo até que sílabas, abafadas pelo som, começaram a formar frases inteiras legíveis ao ouvido. A canção possuía sua letra.

De início não se deu por conta do que estava a ouvir apenas deixava-se flutuar seguindo o ritmo e a melodia.

Então tudo começou a ficar mais agitado, como se as notas atropelassem umas as outras desfigurando a canção em estranhos ruídos, altos e estrondosos. Uma grande agonia tomou conta do ambiente consumindo todo o oxigênio existente, Ela não mais podia respirar... ficou ali, quase a desmaiar, entre a vida e a morte.

Por fim, o ritmo e a melodia se restabeleceram e uma voz com tom de eternidade fez-se ouvir. A voz cantava os dias de sua vida. Momentos de calmaria e de grandes tempestades eram traduzidos em notas e oitavas, formando seus próprios refrãos de acordes.

Entregue que estava ao momento, nada podia fazer a não ser deixar-se flutuar em sua própria canção. Ela dançou... Morreu inúmeras vezes, de rir e de chorar, viveu sempre por amor e ser capaz de amar...

Depois de alguns minutos tudo acabou. O silêncio se fez presente. Ela estava exausta, como se não coubesse em si a própria vida. Ainda tonta de tantos rodopios, saltos e quedas, sentou-se em um canto da sala. A mente estava vazia. O corpo dormente.

Mais alguns minutos se passaram, até que ela conseguisse restabelecer o raciocínio.

Ela entendeu que toda uma vida pode ser representada em uma canção e que a Existência é como um grande e infinito concerto.

Ainda atordoada com que acabara de vivenciar, percebeu que apesar de ouvir sua própria canção, dançar seus reveses e conquistas, não sabia dizer ao certo quem construíra os arranjos de sua vida.

Apesar de conhecer suas limitações e dificuldades decidiu que estava na hora de tentar.

Ela passou a compor, escrever e arranjar sua própria canção.

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