sexta-feira, 14 de março de 2008

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A Doutrina

A minha doutrina é esta: o que quer aprender a voar um dia, deve desde logo aprender a ter-se de pé a andar, a correr, a saltar, a trepar e a bailar: não se aprende a voar logo à primeira!
Com escadas de corda aprendi a escalar mais de uma janela; com pernas ágeis trepei a elevados mastros. Não me parecia pequena ventura encontrar-me no cimo dos altos mastros do conhecimento, oscilando como uma labaredazinha: uma luzinha tão só, mas um grande consolo, todavia, para as embarcações encalhadas e para os náufragos.
Cheguei à minha verdade por muitos caminhos e de muitas maneiras; não subi por uma escada só à altura donde os meus olhos olham ao longe.
E nunca perguntei o caminho sem me contrariar.
— Sempre fui contrário a isso, sempre preferi interrogar e submeter à prova os próprios caminhos.
Provando e interrogando foi assim que caminhei, e naturalmente é mister aprender também a responder a semelhantes perguntas.
Eis o meu gosto: não é um gosto bom nem mau; mas é o meu gosto, e não tenho que o ocultar nem que me envergonhar dele.
“Este é agora o meu caminho; onde está o vosso?” Era o que eu respondia aos que me perguntavam “o caminho”. Que o caminho... o caminho não existe”.





Assim falava Zaratustra - Nietzsche


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