quarta-feira, 21 de maio de 2008

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Astrologia - Destino - Moiras

Por Liz Greene
Moira, é verdade, era uma força moral; ninguém, porém, precisava fingir que ela era exclusivamente benévola, ou que tivesse alguma consideração para com os interesses paroquianos e os anseios do gênero humano. Ademais — e este é o ponto mais importante — não lhe atribuíam os méritos de previsão, de desíg­nio e de finalidade; esses méritos pertencem ao ser humano e aos deuses humanizados. Moira é a força cega e automática que permite que seus propó­sitos secundários e desejos ajam livremente dentro de suas próprias e legíti­mas esferas, mas reage com certa turbulência contra eles quando atravessam suas fronteiras... Ela é uma representação que enuncia uma verdade sobre a disposição da Natureza, e ao enunciado dessa verdade nada acrescenta senão que a disposição é ao mesmo tempo necessária e justa.

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Vamos rodopiar e cantar;
Mas onde, onde amarraremos a corda?

Filhas de Nyx, a deusa da Noite, ou de Erda, a Mãe Terra, elas são chamadas Moiras ou Erínias ou Nornas ou Hécate de três faces, assim como são três em forma e aspecto as três fases lunares. A promissora fase crescente, a fértil cheia e a sinistra fase minguante da Lua representam, na imagem mítica, os três aspectos da mulher: a solteira, a esposa fértil e a anciã estéril. Cloto tece o fio, Láquesis me­de e Átropos corta-o, e os próprios deuses estão limitados por essas três, por terem sido originados da incipiente Mãe Noite, antes que Zeus e Apolo trouxessem dos céus a revelação do eterno e incorruptível espírito humano.

A roda (do universo) gira sobre os joelhos da Necessidade e, na parte superior de cada circulo, se encontra uma sereia, que gira com eles, entoando uma só nota ou tom. As oito juntas formam um todo harmônico e, em volta, em in­tervalos iguais, há um outro grupo de três sereias, cada qual sentada no seu trono: as Parcas, filhas da Necessidade, que vestem túnicas brancas e usam uma coroa na cabeça .


A intricada visão geométrica do cosmo, de Platão, com a Necessidade e as Parcas entronizadas no centro que tudo governa, encontra eco no Prometeu acorrentado, de Esquilo:


Coro: Quem dirige o leme, então, da Necessidade?
Prometeu: As Parcas de três aspectos, as inesquecíveis Erínias.

Coro: Será Zeus, então, mais fraco em seu poderio do que elas?

Prometeu: Nem sequer Ele pode escapar àquilo que foi decretado.


E o filósofo Heráclito, nos Fragmentos cósmicos, declara com menos ambi­güidade do que o habitual:


O Sol não ultrapassará seus limites; se o fizer as Erínias, servas da Justiça, o desmascararão.



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