terça-feira, 27 de maio de 2008

.

Mitologia e a Vida


Há em todos nós um misterioso impulso para nos tornarmos nós mesmos — indivíduos únicos e definidos, separados dos laços familiares, das amizades e da vida em comunidade que nos dão o sentimento de identidade. Mas, como a mitologia nos diz, o processo de tornar-se indivíduo é árduo e, por vezes, doloroso. Envolve não apenas a disposição de enfrentarmos os desafios internos e externos que põem à prova nossa força, mas também a capacidade de estarmos sós e suportarmos a inveja ou a hostilidade daqueles que, dentre os que nos cercam, ainda não iniciaram essa viagem para a individualidade. A mitologia nos apresenta histórias sobre a dificuldade de sair de casa e os dragões que temos de enfrentar e combater na luta pela autonomia. As narrativas míticas revelam também a profunda importância do sentimento de objetivo e sentido pessoais — talvez o mistério mais profundo em nossos esforços de nos tornarmos o que realmente somos. Talvez nem sempre reconheçamos a que ponto evitamos o desafio da individualidade, nem nossas maneiras cotidianas de trair nossos valores mais caros para nos sentirmos pertencendo a um grupo. Nessas esferas, os mitos podem nos trazer não apenas discernimento, mas também a reafirmação de que o desenvolvimento pessoal não é, necessariamente, sinônimo de egoísmo. Não há como realmente oferecermos ao outro aquilo que ainda não desenvolvemos em nós mesmos.

.
(Adaptado do texto de Liz Greene, Astrologia do destino)
.

Nenhum comentário: